Pós-Modernidade Excessiva: Polimorfia Consentida

 


Lê-se na figura:

"Transformação de Personagem
Se os fanáticos forem bem-sucedidos, os personagens podem se transformar em devoradores de mente (veja o final do capítulo 8). Personagens de fora da região podem não ser afetados pelo ritual do Reino Distante, embora esses detalhes fiquem a seu critério. Mesmo que os personagens não se transformem em devoradores de mente, eles experimentam mudanças crescentes à medida que a trama dos fanáticos avança.
As regras opcionais a seguir permitem que você monitore os efeitos da influência do Far Realm nos personagens.

CONSENTIMENTO DO JOGADOR NECESSÁRIO
Antes de usar as regras de transformação de personagem apresentadas nesta seção, consulte cada jogador para determinar se eles estão dispostos a que seus personagens sofram efeitos transformadores fisicamente. Um jogador não perderá benefícios no jogo se escolher não usar essas regras para o seu personagem."

Recentemente, me deparei com um possível spoiler trecho das regras de uma aventura da Wizards of The Coast  que espero muito ser fake mas ainda assim, me fez refletir sobre a direção que os RPG's estão tomando nos dias de hoje. Esta regra em questão trata da “Transformação de Personagem” no contexto de um ritual do Far Realm, onde personagens podem se transformar em mind flayers. Mas o que realmente me chamou a atenção foi a nota sobre o “CONSENTIMENTO DO JOGADOR NECESSÁRIO”.

Em outros tempos, nos RPGs, os desafios eram brutais, as consequências estavam sempre à espreita e os jogadores tinham que lidar com as surpresas – sejam elas boas ou más. A imprevisibilidade do jogo e as reviravoltas inesperadas eram o que tornava a experiência tão cativante. Não havia espaço para mecanismos de consentimento; era tudo ou nada. E isso, meus caros, é o que a OSR defende: a autenticidade do jogo, desafios sólidos.

Ao introduzir regras como a “Transformação de Personagem”, o D&D em sua edição vigente e seus contemporâneos parecem distanciar-se da verdadeira natureza imersiva e desafiadora do RPG. Em vez de permitir que os mestres apresentem desafios inesperados, eles são aconselhados a obter o consentimento dos jogadores para cada consequência caso falhem em desafios.

As mecânicas e filosofias dos sistemas OSR valorizam a liberdade, a imersão e a surpresa. O risco era real e os jogadores se sentiam verdadeiramente investidos em seus personagens porque sabiam que, a qualquer momento, uma decisão errada poderia levar a consequências desastrosas. Era essa tensão que tornava a experiência tão memorável.

Não estou dizendo que devemos ignorar o bem-estar dos jogadores ou forçá-los a situações desconfortáveis. O que defendo é um retorno à essência do RPG, onde os desafios são reais, as surpresas são imprevisíveis e os jogadores estão verdadeiramente imersos na história. A OSR não é apenas uma nostalgia do passado, é um lembrete da autenticidade, da imprevisibilidade e da verdadeira experiência do que é um RPG.

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